Mais informações ou Maiores Informações?

A resposta parece simples, mas não é.
Até eu decidir que iria publicar este post, tinha certeza que o correto seria "mais informações", entretanto, achei um argumento muito bem embasado que o "maiores informações" também está correto, dessa forma, resolvi postar a dúvida para vocês com os dois argumentos e quem sabe assim gerar algum outro comentário aqui no Blog.

Também enviarei a dúvida a Academia Brasileira de Letras, que possui um serviço chamado "ABL Responde" que promete responder suas dúvidas concretas em até 24 horas. Quando obtiver a resposta publico por aqui. Vamos aos argumentos?

O primeiro deles é uma matéria que está no Observatório da Imprensa:

"Língua das empresas", copyright Jornal do Brasil, 21/06/04
por Deonísio da Silva em 22/6/2004 no site
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=282ASP012

"‘Para maiores informações, consulte nossa central de atendimento’, recomenda a empresa. O que houve? O cliente teve acesso apenas a informações infanto-juvenis, mirins, pequeninas, médias? Está recebendo ordem de torná-las maiores? É obrigado a consultar, já que a empresa utilizou o verbo consultar no imperativo?

Quem redigiu o aviso acabou por ordenar ao cliente que vá procurar outro funcionário, outro telefone, outro ramal, afinal o que mais fazem é encaminhar o coitado a outro lugar, diferente daquele para o qual se dirigiu. O Brasil moderniza-se, é verdade, mas várias empresas adotaram o método de uma lesma cujo percurso lembrasse a casa onde mora, um caracol.

O caracol deve ser muito importante para os pequenos moluscos gastrópodes, terrestres, pulmonados, cuja concha é espiralada, fina e achatada, na definição dos dicionários. Mas o escritor Arthur Azevedo, na segunda metade do século 19, nos Contos cariocas, comentando o desempenho de uma artista, escreveu: ‘como atriz não prestava para nada; como cantora não valia dois caracóis’.

Pois as idas e vindas a que são submetidos os clientes pelas empresas, principalmente ao telefone, semelham ter a mesma utilidade para eles: não valem dois caracóis. Às vezes o funcionário, contrariando famoso provérbio – errar é humano, mas perseverar no erro é diabólico -, insiste em errar na companhia das máquinas e nada faz para corrigi-las. Os atendentes conseguem ser ainda piores do que uma gravação que nos imponha apenas as alternativas que lhe foram programadas.

Se o cliente não está satisfeito com o que a empresa informou, naturalmente quer mais informações, precisa de detalhes, de explicações complementares, de instruções adicionais, mas nunca de maiores informações, a menos que deseje que elas venham em letras garrafais. Daí, sim, serão maiores as informações.

Outro erro muito comum na redação das empresas diz respeito ao uso do trema, que muitas delas aboliram por conta própria, transgredindo a gramática, a Constituição de nossa língua. Assim, o cliente, o mutuário, o usuário, o contribuinte ou que outro nome tenha o cidadão, recebe cartas em que é informado de que fique ‘tranquilo’, que apesar das ‘frequentes’ reclamações ultimamente, ele não está sendo tratado como ‘delinquente’, que ‘aguente’ firme, que a empresa não ‘sequestrou’ a língua oficial do Brasil nem fez ‘linguiça’ da gramática.

Pois a empresa fez tudo isso, sim, e certamente por ignorância, não por má vontade, o que dá no mesmo, pois de boas intenções também o inferno empresarial está cheio, ainda que o autor original do provérbio, São Bernardo, não tenha imaginado que as boas intenções em gestos por atacado seriam ainda mais prejudiciais do que no varejo.

O cidadão ficaria tranqüilo, suas reclamações não seriam tão freqüentes, ele jamais seria tratado como delinqüente e agüentaria firme se as empresas em questão não seqüestrassem a língua portuguesa e nem fizessem lingüiça da gramática. Aliás, alguns atendentes, não apenas abolem o trema indispensável, como também o embutem onde não é necessário, criando mais confusão. Assim, dizem ‘qüestão’ e ‘distingüir’, por exemplo, e daqui a pouco dirão ‘sangüe’ e ‘güerra’ também, já que a violência está tomando conta de tudo, inclusive da correção gramatical.

Para alguns equívocos, existem atenuantes, já que são igualmente corretos líquido e líqüido; antiquíssimo e antiqüíssimo; sanguinário e sangüinário. Aliás, em latim, ‘equivocus’, de onde veio nosso equívoco, designa o que tem dois sentidos, que é ambíguo, que causa confusão.

E o poeta Mário Quintana escreveu que um grande equívoco só pode ser um ‘equivoco’. Para muitas empresas, seria um emblema."


Já no
Google, vence a maioria de "mais informações" levando a acreditar que esse é o correto.

aproximadamente 3.770.000 resultados para "mais informações"
aproximadamente 1.250.000 resultados para "maiores informações"


Em um site de respostas rápidas para vestibular, uma resposta direta:

Uma informação pode ser maior ou menor? Pode ser enorme?
Claro que não. Sendo assim, a forma adequada é “precisamos de mais informações”.



Convencido? Eu não pela seguinte argumentação:

"Olha, minha gente, chega de camisa-de-força: maior é o superlativo sintético de grande, certo? E grande significa ‘de tamanho, volume, intensidade, valor, etc. acima do normal’ [não só tamanho, portanto!], ou ‘longo, comprido, alongado, dilatado, amplo, notável, respeitável’, entre outros sentidos. Se é possível dizer ‘Vou lhe prestar uma grande informação / uma longa informação mais adiante / informações mais amplas ou detalhadas’ – assim como se diz ‘vou dar uma longa explicação/instrução’–, então se pode fazer uso do adjetivo superlativo na mesma situação.
"Não bastasse isso, confirma o Dicionário Aurélio que maior significa ‘que excede outro em tamanho, espaço, intensidade, duração, grandeza, número, importância, etc.’ Vejam aí: oferecemos um maior número de informações, pelo menos!"

Maria Tereza de Queiroz Piacentini é catarinense, professora de Inglês e Português, revisora de textos e redatora de correspondência oficial há mais de vinte anos.
http://kplus.cosmo.com.br/materia.asp?co=70&rv=Gramatica

Ai a Maria Tereza falou do Aurélio, e eu fui procurar no Houaiss onde:

Maior ( Datação 1255 cf. FichIVPM)

Acepções
■ adjetivo de dois gêneros
1    mais grande; que supera outro em número, grandeza, extensão, intensidade, duração, importância, superioridade, excelência; superior
Ex.: <Belo Horizonte é uma cidade grande, mas São Paulo é m.> <viviam na m. felicidade> <condenado à pena m.> <estudos m.> <ciências m.> <por motivo de força m.>
2    que está com mais de (determinada idade); mais velho
Ex.: <candidato m. de 40 anos> <seu irmão m. não virá?>
3    que atingiu a maioridade
     Obs.: cf. maior de idade
Ex.: só vota quem já é m.
4    Rubrica: música.
     diz-se dos intervalos de segunda e terça que medem um e dois tons, respectivamente
5    Rubrica: música.
     diz-se de escala ou modo cuja terça é maior (acp. 4)
6    Rubrica: música.
     diz-se de acorde que, no estado fundamental, contém a terça maior (acp. 4)
maiores
■ substantivo masculino plural
7    (sXIII)
     ancestrais, antepassados; ascendência

Mais (Datação sXIII cf. FichIVPM)

Acepções
■ advérbio
1    em maior quantidade ou com maior intensidade; em grau superior
Ex.: <precisava estudar m.> <a cada dia, falava m. que o anterior> <amor m. forte que a morte>
2    exprime cessação ou limite, quando acompanhado de negação
Ex.: <exausto, não agüentou m. caminhar> <não vale m. do que lhe foi proposto> <nunca m. retornou da Alemanha> <o seu namoro não é m. segredo>
3    acima de
Ex.: os assaltantes eram m. de cinco
4    com preferência; preferentemente, antes
Ex.: m. quero asno que me leve que cavalo que me derrube
■ substantivo masculino
5    (sXIII)
     a maior porção, a esfera mais abrangente, o maior número
Ex.: quem pode o m. pode o menos
6    Rubrica: matemática.
     sinal de adição (+)
7    o que sobra; resto, restante
Ex.: <havendo saúde, o m. pode faltar> <esqueceu-se de tudo o m.>
■ pronome indefinido
8    em maior quantidade, em maior número
Ex.: <sentiu m. vontade de estudar> <o cenógrafo precisou de m. luz> <as ruas têm m. mendigos do que nunca>
9    as outras pessoas; demais, outros (us. no pl.)
Ex.: fiquem os credenciados e os m. se retirem
■ preposição
Uso: informal.
10    junto a; com
Ex.: a noiva compareceu ao enterro m. a família
■ conjunção aditiva
11    indica ligação ou adição; e
Ex.: <guardou no cofre as jóias m. as barras de ouro> <sete m. dois são nove>


Ou seja, para meu grande espanto, acredito que nos dois casos a resposta é correta! Vamos aguardar o que os imortais têm a declarar.

Enquanto isso:


ASPAS

"Deve-se usar o ponto antes ou depois de fechar as aspas? Se acaso eu colocar uma nota de rodapé, como ficaria?".

Existem os dois casos: aspas e ponto e ponto e aspas. As instruções oficiais rezam que se coloca o sinal de pontuação depois das aspas quando estas "encerram apenas uma parte da proposição", mas que o ponto vem antes das aspas quando elas "abrangem todo o período, sentença, frase ou expressão", ou seja, quando a citação é integral. Trocando em miúdos:


Caso 1 – As aspas vêm antes do ponto quando a citação é a continuação da sua frase, pois o ponto está fechando o seu período, e não apenas a citação. Exemplos:

• Já antecipava McLuhan na década de 60 que "a mudança se tornou a única constante de nossas vidas". Ou: Já antecipava McLuhan na década de 60: "A mudança se tornou a única constante de nossas vidas".

• Enquanto não houver "uma nova, forte e legítima razão de interesse comum", finaliza o relator, os condôminos continuarão a utilizar tais áreas, em conformidade com o "princípio ético de respeito às relações definidas por décadas de convívio".


Caso 2 – As aspas vêm depois do ponto quando a citação é feita por inteiro e isoladamente:

• "Saber é poder." Ou: "Informação não é o mesmo que conhecimento."

Neste ponto há divergência na interpretação da norma oficial. O Manual de Redação Atlas (1994:69) dá como exemplo: Disse Camões: "Quem ama o feio, bonito lhe parece." Ao que o Grande Manual de Ortografia Globo (1983:110) exemplifica: Carlyle escreveu: "Feliz daquele que encontrou a sua tarefa! Que ele não peça nenhuma outra bênção. O trabalho é a vida".


Valem as mesmas orientações para notas de rodapé. Mais um detalhe: as aspas fecham a citação, mas quando se acrescentam dados entre parênteses o ponto vai no final de tudo e não da citação:

• "Eles compõem o cérebro da rede e localizam-se em todos os seus entroncamentos" (Pessini, 1986, p.14).

Sobre Raul Oliveira (ex DEUS NOiTE)

Alguém que gosta de informática, ler, escrever, estudar, aprender, ensinar, pensar (ok as vezes não). Assim, um pouco de vampiro, autor, geek e louco todos temos um pouco. No final. Um Vampiro Geek pode ser a definição. Oh Ego Laevus! PALAVRAS DESCRITIVAS Persuasivo, efusivo, gregário, participativo, positivo, assertivo, ativo, móvel, impaciente, tenso, ansioso, independente adaptável, sensível, alerta, ambicioso, iniciativa própria, pergunta "quem" e "quando". Influente, persuasivo, amigável, verbal, comunicativo, positivo, otimista, promotor, generoso, questionador, competitivo, motivado, ativo, móvel, impaciente, alerta, demonstrativo, bem disposto, firme e independente.

Publicado em 03/05/2007, em Livros. Adicione o link aos favoritos. 7 Comentários.

  1. Luiz Ribeiro

    Mais informações: É mais aceito na norma culta da língua.
    Exemplo: Para mais informações, contate-nos.
    Maiores informações: Causa ambiguidade, dá-se o sentido de “tamanho” ou “mais detalhes”, portanto, evitem-na.
    Caso ainda esteja em dúvida, diga: “Outras informações”, “Outros detalhes”, etc…

  2. é bem simples, mais informações, no sentido de outras informações, se você recebeu uma informação, ligue para receber mais uma, ou mais duas, maiores dá sentido de tamanho, não dá sentido, mas, se alguém não quer se confundir na hora de falar diga: para outras informações ligue. se torna mais simples e sem surgir dúvida.

  3. Você argumentou – “oferecemos um maior número de informações, pelo menos!” – nesse caso foi utilizado maior antes de número, indicando a quantidade numérica das informações, neste caso é correto. No entanto, “Maiores Informações” não é adequado neste caso, pois dá idéia de que a informação poderia ser analisada em quilômetros se fosse o caso. Tipo: Demos dois metros e meio de informação, o que seria um numero pequeno, já que chegamos a dar mais de três quilometros de informação somente em um dia.”
    Espero ter contribuido.

    Su

  4. Luciano Rodrigo de Araújo

    E o que os imortais falaram?

  5. E se classificar como “melhores informações”?
    O que importa na verdade é a melhor qualidade das informações.
    Não se pode atribuir tamanho nem quantidade para as informações.
    Não se quer ter mil informações sem valor muito menos o tamanho delas, mas sim a qualidade da informação, essa é a mais importante.

  6. Desde que um termo possa ser entendido pelas massas, não tem porque tentar exclui-lo do uso da língua… Se muitos acham que “mais informações” é o correto, devem admitir que “maiores informações” também existe, está no uso dos falantes e é claramente compreendido conforme a intenção de seu uso. Temos que nos cuidar somente com aquilo que é avesso à língua e cujo estranhamento é saliente, e não nos preocuparmos tão somente com o que certos órgãos “donos” da língua irão ou não decidir. A língua é viva e os termos que ontem eram estigmatizados, hoje são aceitos, e aqueles que hoje são excluídos, amanhã se tornarão parte da língua culta.

    Nunca devemos esquecer que é vão o trabalho de “purificar” o idioma. Nosso Português é uma língua viva e rica, porém, que no passado não passava de um latim vulgar falado pelo povo sem acesso a cultura, e que mais tarde veio a receber influências do Francês, Árabe e recentemente do inglês. Sim. Temos um padrão, porém que está constantemente sujeito a mudanças.

    O uso da língua muda muito, e mesmo no âmbito formal/acadêmico, muitas expressões que são ditas “chiques” são frutos de figuras de linguagem.

    Qualquer pessoa com um certo nível de letramento que ler um documento, ou anúncio na internet vai saber que “maiores informações” não remete a informações grandes que podem ser vistas à distância. Esse tipo de interpretação cabe àqueles que se apegam a detalhes lógicos sem antever o contexto, ou sem querer se preocupar com a intenção do locutor, que é o mais importante.

    A língua está muito longe da matemática para te que ser compreendida tão logicamente pelos gramatiqueiros de plantão.

    Não sejamos tão legalistas com o nosso idioma. Lembrem-se que mais importante do que conseguir ser gramaticalmente perfeito, é ser comunicativamente eficiente.

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